ROBERTO PEREIRA - FILHO DE NILO PEREIRA EMPREENDENDO ESFORÇOS, JUNTO AOS ÓRGÃOS COMPETENTES (ELE QUE É O HOMEM DO ALTO ESCALÃO DO TURISMO DE PERNAMBUCO), EM PROL DA RESTAURAÇÃO DO SOLAR ANTUNES, A CASA QUE PERTENCEU AOS NOSSOS ANCESTRAIS.
SOLAR GUAPORÉ - MUSEU NILO PEREIRA - XILOGRAVURA POR GORETH CALDAS (1994)
Lúcia Helena:
Eu, como você bem sabe, militei por muitos anos na seara da cultura, onde ainda permaneço pelo viés desta com o turismo. Assim, à Camões, acolhi e recolhi o “saber de experiência feito”. Sem jactância, arrisco-me, à condição de filho do meu saudoso Nilo Pereira, a emitir o seguinte parecer (parecer não é para ser, mas, ...!!!), sem antes lhe abrir os seguintes parênteses:
PRIMEIRO PARÊNTESE:
(Há mais ou menos 3 anos consegui do Ministério do Turismo, que tem uma rubrica para restauração de monumentos que tenham atratividades turísticas, um convênio no valor, à época, coincidentemente de R$ 300.000,00, para obras de restauro do Guaporé. Todavia, reunidos com técnicos da Prefeitura do Ceará Mirim, gestão da Prefeita Edinólia Melo, esposa do ex-governador e ex-senador Geraldo Melo, casal que depois recebi aqui no Recife, no meu gabinete na CTI Nordeste, vimos, eu e os técnicos, por opinião minha que era melhor devolvermos os recursos. Por que? Porque o valor liberado, apesar da contrapartida da Prefeitura à base de 10%, era insuficiente para o restauro completo. Com esse montante, far-se-ia apenas a instalação hidráulica. Perguntei: e depois? Depois, eis a fatídica resposta: “a casa continuará desabitada”).
SEGUNDO PARÊNTESE:
(Geraldo Melo, foi quem repassou à Fundação José Augusto, por comodato, o engenho pelo período de 99 anos, tempo máximo legalmente permitido. O meu pai, quando da entrega do Guaporé, após a restauração concluída, no seu discurso, vaticinou: “se a casa não tiver uso, voltará à ruína.”)
TERCEIRO UM PARÊNTESE:
(A preservação de um monumento, Lúcia Helena, você sabe bem, enfrenta dois inimigos avassaladores e acachapantes: o mau uso, um; o desuso, outro. No caso do Guaporé impera o desuso e, quando da moradia do vigilante/caseiro e, depois, das invasões, o mau uso. O Guaporé está entregue à própria sorte, malsinado o seu desuso. Então, ou o engenho é restaurado por completo e a ele é dado um uso, ou o dinheiro sai pelo ralo, como se diz no jargão popular).
O MEU PARECER À SUA CONSIDERAÇÃO:
Os R$ 300 mil agora disponibilizados, uma surpresa agradável porque sei, por fonte governamental, que o estado do RN passa por séria dificuldade de fluxo de caixa. Idem, as prefeituras. Idem, idem, a prefeitura do Ceará Mirim. O Governo Federal, de onde se poderia alocar recursos – e são muitas as fontes, a exemplo do Ministério da Cultura, o do Turismo, as Leis de Incentivo à Cultura, os patrocínios, a exemplo da Petrobras, da CEF, da Chesf, do Banco do Brasil, do Banco do Nordeste (Prodetur), do Projeto Monumenta (Min. Da Cultura), o Sebrae. Só que o Governo Federal está impedido, neste período eleitoral, de conveniar com os estados, embora liberado para as Prefeituras, todavia, no ocaso de gestão implica em recolhimento para um final que se deseja de boa saúde financeira. A mesma coisa ocorre com os organismos aqui citados para um possível patrocínio. Assim, entendo que os R$ 300 mil aqui anunciados são muito bem recebidos considerando a justeza da causa em tela. Entrementes, somente aconselho o uso dessa verba se a ela for agregado um outro montante que encete a conclusão das obras de restauro, sob pena de se gastar em vão. Depois, uma restauração deve ser muito bem feita, nela não cabendo as chamadas “gambiarras”, tampouco as “maquiagens” do gosto de alguns sabidos. Uma coisa boa era se fosse viável se aproveitar o momento político para se assegurar emendas parlamentares junto aos deputados federais, incluindo-se os senadores. Ou emenda de bancada. Ou emenda regional, neste caso se impõe uma ação conjunta com os deputados do NE brasileiro, uma iniciativa fácil se levada em conta a importância da obra para a Região. Outra medida seria colocar o montante necessário no OGU (Orçamento Geral da União), iniciativa não muito difícil. Para o convênio - vale lembrar - a Prefeitura ou órgão conveniado teria que alocar, a título de CONTRAPARTIDA, 10% sobre o montante a ser alocado, contanto que os recursos liberados correspondam a 90% sobre o total. Essa injunção, recentemente aprovada através de IN 107, por se tratar de juros compostos, faz crescer a CONTRAPARTIDA que ficaria próxima a 11% do valor conveniado. Assim, os R$ 300 mil agora anunciados, podem servir – e muito – para a CONTRAPARTIDA. Portanto, precisamos de políticas públicas no trato dos fazeres e saberes culturais, coisa pouco usual.
Enfim, louvo muito - e agradecido fico, enquanto filho de NP, pelo que deixo aqui registrado o meu pendor de gratidão, também em nome de minha mãe, Lila, - com o aceno dos R$ 300 mil. Apenas, sugiro que essa verba somente seja usada quando a ela se agregar, repito, um montante suficiente à restauração completa. O uso já se tem: a Fundação Nilo Pereira, o suficiente para que o monumento se conserve na sua inteireza.
Por fim, mais um detalhe: após as minhas últimas reuniões, há 3 anos, viu-se que a Prefeitura não estava com o projeto do restauro pronto. Pior: não dispunha das previsões dos custos. Isto é, do orçamento à consecução da obra. Assim, qualquer dinheiro fica à mercê do total, sem que se saiba se é suficiente ou não. Atualmente, sinto que esse óbice já deve estar superado.
Essas ações, prezada prima e amiga - Lúcia Helena - você, árdua defensora do Guaporé e do Ceará Mirim como um todo, de Nilo Pereira, a quem os Pereira tanto devem nessa sua preservação à memória de NP, parecendo mantê-lo vivo ou redivivo a cada iniciativa sua, o meu muito, muitíssimo obrigado por este gesto seu de me enviar este e-mail tão pródigo nos passos que se deve dar rumo à restauração do Guaporé, além de sua “eterna vigilância”.
Peço-lhe, Lúcia Helena, que transmita ao Pedro Vicente essas minhas ponderações, todas no melhor espírito de bem servir à causa em questão, e que, filho de Nilo Pereira, somente posso ter para com ele o melhor sentimento de reconhecimento e gratidão. Se nada for feito, o gesto dele ficará nos corações de todos os Pereira.
Espero, na culminância, repetir os franceses: “Tout est bien qui finit bien” (“Tudo vai bem quando acaba bem”.) Desculpe-me a petulância
da tentativa de tradução, quando, você, Lúcia Helena, é mestra no assunto
Afetuoso abraço do primo,
Roberto Pereira
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