segunda-feira, 30 de maio de 2011

TRANSCREVO, COM ALEGRIA E EMOÇÃO, O RICO TEXTO DE CARLOS MORAIS SOBRE O LIVRO DO SEU AMIGO SERGIPANO - JEFERSON MORAES.

"Vocês querem voar tão grande a ponto de perdoar o bando, e aprender, e voltar a eles um dia e trabalhar para ajudá-los a se conhecer?" Fernão pergunta ao seu primeiro estudante antes de iniciar as conversações. A idéia de que os mais fortes podem atingir mais por deixar para trás os mais fracos amigos, parece totalmente rejeitada.
Daí, o amor e o perdão merecem respeito e parecem ser igualmente importantes para libertar-se da pressão de obedecer às regras apenas porque são comumente aceitas"...
Fernão Capelo Gaivota (meu livro de cabeçeira, livro e filme que mantenho já há alguns anos, aflorando, como fores num jardim iluminado, neste momento, ao ler o texto de Carlos Morais - abaixo) - Lúcia Helena Pereira


No próximo dia 14 de Junho, o meu recente amigo Jeferson Fonseca de Moraes, vai lançar no Instituto Luciano Barreto Júnior, na cidade Aracaju, capital do Estado de Sergipe – Brasil, o seu Livro “Dando a volta por cima - superando o câncer e outras dores pela fé”.

Trata-se do testemunho vivido na primeira pessoa, do drama do câncer enfrentado corajosamente e com muita fé, pelo autor, que abre o seu enorme e generoso coração e a sua alma fraternal para se oferecer como amparo e ajuda aos outros semelhantes, abrindo-se num grande e afetuoso abraço aos que passam ou podem vir a passar por semelhante situação e encontram no autor deste livro um companheiro de luta, um “compagnon de route”, que não se limita a uma narrativa de auto ajuda encorajadora.
Numa linguagem inteligente e clara, atrativa e luminosa, freqüentemente colorida pelas suas vivências outras que lhe deixaram deliciosas lembranças, o autor revela o escritor dotado de sensibilidade humanista e encanta-nos, por exemplo, com a narrativa das suas viagens a Portugal, onde se enamorou com o país e dele, poèticamente, reteve para sempre, memórias das belas paisagens, da estética histórica das cidades, do contato com as gentes e, inesquecivelmente, recorda a beleza invulgar das gaivotas portuguesas que à beira do rio Tejo, em Lisboa, ou do rio Douro, no Porto, desenham incansavelmente acrobáticos e magistrais vôos rasantes, ora subindo por sobre os telhados e janelas das casas da beira rio, ora descendo sobre as águas, atravessando-as com sua penetrante visão, em busca dos apetecidos peixes.
As observações das gaivotas portuguesas que tanto encantaram Jeferson de Moraes, remetem para as suas marcantes lembranças que, como eu, ficaram quer da leitura de um livro, primeiro, quer do filme que vimos, depois, levando o autor a relembrar Lisboa onde contemplava por horas, deliciado, a arte de voar destes belos pássaros pescadores que, no meu caso, eu tenho o privilégio de observar também sempre encantado, a partir de minha residência, os seus voos em círculos rasantes quase roçando as janelas de minha casa de Lisboa, em Algés, frente ao rio Tejo, exatamente frente à área de praia de onde partiram no séc. XV e XVI, as caravelas que demandaram os sete mares, revelando ao mundo Novos Mundos.
Inevitavelmente, tanto para Jeferson de Moraes, quanto para mim, a observação contemplativa destas belas gaivotas, nos fazem reviver as imagens do belo e marcante filme “Fernão Capelo Gaivota” (título adotado em Brasil e Portugal), e que no original lançado em 1973 nos EUA, foi intitulado como “Jonathan Livingston Seagull”.
O filme, dirigido por Hall Bartlett e produzido nos Estúdios da Paramount Pictures foi um grande e inesquecível êxito mundial, uma obra cinematográfica que, juntamente com o livro com o mesmo título, da autoria do piloto e escritor Richard Bach, obra lançada em 1970, marcou uma geração. A história é um belo e comovente drama, que é uma metáfora filosófica, e o filme contribuiu muito para tornar o livro também num “best-seller” que vendeu mais de 40 milhões de cópias em mais de 70 países do mundo.
Inesquecível é também a belíssima trilha sonora de Neil Diamond e a magnífica fotografia do filme. Este, como o livro, é uma parábola. Faz uma analogia entre o homem e a gaivota, no sentido de mostrar as dificuldades de superação dos limites, do encontro com a verdadeira liberdade, baseada no amor, na solidariedade fraternal e na compreensão do outro, conforme muito bem explica Jeferson Fonseca de Moraes em seu livro.
Esse filme, conforme confessa o autor de “Dando a volta por cima” e, sobretudo, o herói Fernão Capelo Gaivota, passou a ilustrar a forma de Ser e Estar na vida de Jeferson Fonseca de Moraes, como um “arquétipo”, um símbolo ontológico que o leva a sempre se encantar com a observação das gaivotas que o autor, desde logo, decidiu que haveriam de estar presentes na contra-capa do seu livro, como que a assinalarem a sua posição ética, cívica e humanista, nas razões que o levaram a se decidir e a fazer este seu livro para ajudar os outros.
A sua elevada alma e generoso coração, qual Fernão Capelo Gaivota, espera que, ao invés do drama narrado no filme e no livro, sua intenção e labor literário seja bem recebido e reconhecido como um seu abraço-amparo, solidário e fraternal, que apoie quem o lê e sofre, e ajude a superar o seu sofrimento e a vencer a sua luta contra as terríveis e ameaçadoras doenças e outras dores da vida, ou melhor prepare psicológica e filosoficamente quem, não padecendo, retire da leitura deste livro, uma lição enriquecedora que o fortifique para enfrentar algum infortúnio que lhe possa acontecer.
No livro e no filme, "Fernão Capelo Gaivota" é uma ave exemplar e heróica, que sonhou e ousou voar mais alto, mais longe, em busca da perfeição, do belo e do bem, valores que adquiriu e que, mais tarde, sente o dever de transmitir às gaivotas suas companheiras de colônia para que todas se superem e elevem acima da sua condição original. Fernão Capelo Gaivota é uma ave que não se contenta em voar apenas para comer. Ele tem prazer em voar e esforça-se em aprender tudo sobre vôo e de como superar suas atávicas limitações para retransmitir aos outros. Por ser diferente das aves do seu bando original, a quem quiz doar a sua experiência e saber, ele é expulso. A comunidade estranha a diferença, teme-a, julga-a injusta e severamente e, ao invés de saudar e receber a riqueza dessa diferença elevadora, recusa a ajuda, pelo medo de mudar e de progredir, e exclui, marginalizando o outro, o "Fernão Capelo Gaivota".
Este meu Novo Amigo, autor deste belo livro “Dando a volta por cima”, surgiu de um encontro aparentemente casual mas como que estando já anunciado como o mensageiro e portador de uma nova amizade inevitável por tantas identidades, sentimentos, valores e acontecimentos coincidentes em vivências comuns, que logo descobrimos, e parece que tinhamos “hora marcada para esse encontro”.
Ele tem o sobrenome Moraes, como eu tenho Morais, nasceu num dia 14 de Novembro, como eu, superou e venceu um câncer, como eu, empenha-se em passar a sua experiência e a sua ajuda a outros, como eu o tenho feito, tem o amor aos livros e à escrita, como eu, é apaixonado por gaivotas, como eu, foi marcado pela grande lição de vida que foi o livro e o filme “Fernão Capelo Gaivota”, como eu. Ainda hoje, eu tenho o livro e o filme como um dos filmes e um dos livros da minha vida, como Jeferson de Moraes. Ele, como eu, amamos a vida e a liberdade e acarinhamos o culto dos afetos. Ambos sabemos que o maior e mais rico patrimônio que um ser humano pode conseguir e acumular em sua vida, é o de valor insuperável do amor, dos afetos, das amizades.
Não nos conhecíamos nem ouvíramos falar um do outro. Ele fazia questão de procurar e encontrar uma fotografia de gaivotas para contra-capa do seu livro e, depois de muito pesquisar na internet, descobriu meu Blog e nele encontrou um poema meu - “Gaivotas de Abril” - ilustrado por uma fotografia minha de que gostou e, finalmente, me pediu permissão para a usar o que, desde logo, com muito gosto e honra, lhe disponibilizei.
Grato e generoso, Jeferson de Moraes, fez questão de terminar este seu livro com um último capítulo – XXVII, “A gaivota e a contra-capa” - que é a narrativa sobre como encontrou a minha fotografia e nos conhecemos, mas onde tece, também, e a propósito, tal como o faz no que já li do seu livro, luminosas e humanistas considerações acerca da natureza humana, suas fraquezas e grandezas.
Jeferson de Moraes, havia-me informado, na troca de nossa correspondência por e-mail, que fazia questão de eu ser uma das primeiras pessoas a receber um exemplar de seu livro logo que estivesse pronto e antes do seu lançamento. Foi um afetuoso, delicado e precioso presente que recebi há dias e desde logo mergulhei nesse seu livro que expõe uma grande lição de vida e revela um autor de grande sensibilidade literária, poética até, com uma escrita clara e cativante e uma narrativa fluída. O livro revela também a alma e generoso coração solidário do autor, um grande cidadão brasileiro do Sergipe.
Estou a deliciar-me com esta leitura e exorto a todos que possam adquirir o livro “Dando a volta por cima” para não perderem esta bela lição de vida e de como superar as dificuldades e os infortúnios, como foi para nós a lição de "Fernão Capelo Gaivota".


Carlos Morais dos Santos
Escritor, Poeta, Fotógrafo
Cônsul (Lisboa) Assoc.Internac.Poetas Del Mundo
www.culturaseafectoslusofonos.blogspot.com

Um comentário:

  1. QUERIDA AMIGA,

    Só um poeta de grande sensibilidade estética, como vc se deixa contagiar pela postagem de outro Blog amigo,replicando-a em seu Blog, quando se fala da poética filosófica e humanista do sonho e do amor que une, neste caso, quatro pessoas (e tantas mais)que foram e ainda são tocadas por um inesquecível livro e filme que, ao contar essa história encantadora e comovente de Fernão Capelo Gaivota, fez reviver em cada um de nós essa Gaivota que somos para vivermos e sentirmos a vida sempre como uma caminhada de amor-doação. Esse é o grande mistério da vida: Como conseguir emitar Deus? Querer SER a sua imagem e semelhança, sabendo que a Perfeição só existe como metáfora para a tentarmos perseguir sem a alçançar! Voar, como Fernão Capelo Gaivota, tão alto quanto o sonho, tão bem quanto a imaginação, para no fim nos despojarmos com o máximo que conseguirmos alcançar, doando aos outros todo o amor, sabedoria e compreensão! Como procurar esse mistério cuja descoberta exige a liberdade e felicidade de uma caminhada, mas não tem caminho? Como dizia um de meus Mestres, o poeta sevilhano António Machado: Caminante no hay camino/El camino se hace al andar... OBRIGADO MINHA AMIGA POR TER REFORÇADO A HOMENAGEM AO AUTOR DA GENEROSA E BELA OBRA QUE REVELEI - "DANDO A VOLTA POR CIMA" - Jeferson Fonseca de Moraes, meu recente amigo Sergipiano que com seu livro nos tocou a todos nós, os que ainda guardamos bem dentro de nossa memória e alma o Fernão Capelo Gaivota!

    Beijo afetuoso
    Carlos MS

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