quinta-feira, 18 de agosto de 2011

JOJÓ - JOVENTINA SIMÕES - MANDOU-ME UMA FOTO BEM SIGNIFICATIVA E VOU ME AVENTURANDO, COM ELA, AOS CAMINHOS DO MAR DE MURIÚ EM DÉCADAS PASSADAS.

A MINHA SENSIBILIDADE COM AS IMAGENS DO PASSADO ANDA DE MÃOS DADAS COM ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (EM SEU BLOG PITORESCO, HISTÓRICO E LITERÁRIO), COM PEDRO SIMÕES NETO E, AGORA, COM JOJÓ - JOVENTINA SIMÕES. ESTA FOTO EM PRETO E BRANCO, DE PONTA NEGRA DA DÉCADA DE 20, ME FOI ENVIADA POR ESSA AMIGA DE INFÂNCIA QUE VAI REALÇANDO, MAIS AINDA, OS MEUS SAUDARES ÀS PAISAGENS DOS VERANEIOS NA MINHA PRAIA DE INFÂNCIA - MURIÚ/RN - ASSUNTO QUE SEMPRE ME PARECE FASCINANTE E PITORESCO E QUE JÁ ESCREVI E PUBLIQUEI EM MEU BLOG, E EM ARTIGOS QUE PUBLIQUEI ANOS ATRÁS. ESSE ASSUNTO ERA NOTADAMENTE REMEMORADO ENTRE O PRIMO NILO PEREIRA,O TIO RUY ANTUNES PEREIRA E EU, NA NOSSA AFEIÇÃO EPISTOLAR.
PEGUEI NO GOOGLE ESSAS CATRAIAS QUE CONHECI EM MEUS TEMPOS DE MENINA, NA PRAIA DE MURIÚ, FEITAS ARTESANALMENTE COM TRONCOS DE COQUEIROS, PELOS PRÓPRIOS PESCADORES. LEMBRO-ME DELES MASCANDO FUMO E. VEZ OUTRA, DANDO BOAS CUSPIDELAS, TRAZENDO AS EMBARCAÇÕES SOB DOIS TRONCOS ROLIÇOS, POR BAIXO DAS CATRAIS, EMPURRANDO-AS COM FORÇA. E QUANDO IAM DESCENDO PELA BEIRA DA PRAIA, SEMPRE UM DOS PESCADORES CORRIA PARA A TROCA DA POSIÇÃO DOS TRONCOS, ATÉ PERTINHO DO MAR. ESSE ERA UM RITUAL QUE EU ACOMPANHAVA DURANTE OS VERANEIOS DE MINHA INFÂNCIA DE FELICIDADE.
EM DADO MOMENTO, CATRAIAS JÁ NO MAR, OS PESCADORES ABRIAM AS VELAS PARA QUE O CURSO DAS RUDIMENTARES EMBARCAÇÕES CORRESSE MELHOR. E ELES SAÍAM LOGO CEDO DA MANHÃ EM BUSCA DO PRECIOSO, VARIADO E COLORIDO PESCADO.
AS CATRAIAS NÃO OFERECIAM A MÍNIMA SEGURANÇA, MAS COMPORTAVAM DE 3 A 5 HOMENS SOBRE SEU ASSOALHO. VEZ OU OUTRA TINHA-SE NOTÍCIA DE QUE ALGUNS PESCADORES NÃO VOLTAVAM, COMO BEM DISSE DORIVAL CAYMMI..."E A JANGADA VOLTOU SÓ"...
NESTA FOTO, DO GOOGLE, AS CATRAIAS COM AS VELAS IÇADAS, ANTES DE SEREM LEVADAS AO MAR, PARA OBSERVAÇÃO DOS SEUS FUROS E OUTRAS IMPERFEIÇÕES. OS PESCADORES GANHAVAM O MAR E SUAS MULHERES FICAVAM EM SUAS CASAS FEITAS DE PALHAS, TECENDO COLCHAS E TOALHAS EM ALMOFADAS DE BILROS OU BORDANDO EM PONTOS DE CRUZ...CUIDANDO DOS FILHOS E DOS AVÓS.
AQUELE ERA UM MUNDO SÓ DELES, O MUNDO ONDE O MAR E A VEGETAÇÃO ERAM OS FILMES QUE ASSISTIAM DIARIAMENTE, E O PESCADO, À ÉPOCA, SERVIA PARA O SUSTENTO DA FAMÍLIA E A VENDAGEM AOS VERANISTAS QUE VALORIZAVAM AS CAVALAS, OS XARÉUS, AS GAROPAS, AS TAINHAS PRATEADAS, SERRAS, GUAIUBAS, PINTADOS, BICUARAS, CANGULOS (CUJO ENSOPADO ERA DELICIOSO)... SÓ BEM DEPOIS FOI QUE OS PESCADORES DE MURIÚ PASSARAM A NEGOCIAR A PESCA COM ALGUMA RENTABILIDADE.
AS JANGADAS VOLTANDO DAS PESCARIAS - UMA EMOÇÃO INDESCRITÍVEL AO VER OS CESTOS COM TANTOS PEIXES E A RAPIDEZ COM OS PESCADORES, COM SEUS TRAJES HUMILDES E BEM MOLHADOS DOS RESPINGOS DO MAR NA TRAVESSIA DIÁRIA, JOGAVAM OS PEIXES NA BEIRA DA PRAIA E DE REPENTE ERAM VENDIDOS. ESSA VISÃO ME ACOMPANHA, ATÉ HOJE.
O Nordeste brasileiro é bem conhecido por suas belezas litorâneas e suas jangadas que remontam aos tempos do descobrimento do Brasil, quando os indígenas, peritos na arte de fabricar suas catraias (um tipo de embarcação feita com cinco ou seis troncos de coqueiro), surgindo, a partir daí, sobretudo pelo litoral nordestino.
Esses troncos eram emendados com peças transversais da mesma madeira, medindo cerca de sete metros de comprimento por dois de largura e ficavam na superfície do mar e dos rios com equilíbrio.
Mesmo consideradas embarcações primitivas, eram destinadas à pesca em mar aberto, mas, sem largas distâncias do litoral.
As embarcações, "a priori" chamadas de catraias, exigiam destreza e coragem da sua tripulação (geralmente entre 3 a 5 pessoas), afinal, os pescadores adentravam pelo mar, em busca do precioso pescado, em catraias que temos depois foram ganhando as brancas velas e, mais tarde, transformaram-se em pequenos barcos.


Essas recordações vão voltando através da primeira foto em preto e branco, que me foi enviada por Jojó - Joventina Simões (que também foi menina dos veraneios de Muriú, como seu mano Pedro Simões), mas também, quando visito o blog de Ormuz Barbalho Simonetti (meu confrade na ACLA) um saudosista de primeira linha e excelente cronista literário.


Nesta página, minha homenagem aos pescadores do passado, às catraias e jangadas, ao morro dos guajirus, à lagoa do porão, à "Cafuringa" , "Copacabana" e "Boi Choco" nomes que batizaram aquela enseada maravilhosa chamada Muriú - a praia dos grandes amores, das belas famílias e das luas de janeiro mais resplendentes!


Obrigada, Jojó!

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