NA FOTO ACIMA, UMA PAISAGEM DA BARRAGEM CASTELO DO BODE EM SANTARÉM - PORTUGAL.
Paisagem de Portugal
PAISAGEM QUASE IRREAL
Carlos Morais dos Santos
Quase manhã clara, paisagem coada
Ainda por um véu de noiva em neblina
O Sol, rompe a virgindade da madrugada
Despe águas e florestas, rasgando a cortina
Olho, contemplo, abrangendo tudo, e inundo o olhar
Ouço os acordes de aves a romper o silêncio quase absoluto
Já acordado, descanso, acalmo, penso que estou a sonhar!
A beleza da placidez bucólica me refaz: Não sofro, não luto!
Horizonte de paisagem quase irreal que enleva e faz meditar
Na força estética da Mátria Terra redentora, divina, magistral
Aqui, estamos envolvidos por um “Shangri-lá” de re-encantar
homens desiludidos, exauridos, já perdido do olhar, já sem ideal
Por isso, as divindades que aqui habitam estas florestas, estas águas
Acendem nos homens a esperança de que há uma eternidade a salvar
Que se mostra nestes momentos que celebram a vida e esquecem mágoas
Enquanto a nave do tempo percorre o espaço no dorso do vento a navegar
Olho ilhotas, ainda sonolentas, espelhando silhuetas, repousando, serenas,
Renascem para a luz reveladora e se deixam banhar nas águas lustrais
Mirando as florestas que escondem os segredos das montanhas amenas
Que ao som da música do vento eterno se animam de bailarinos pinheirais
Noturno de Chopin, fuga de Bach, Pintura de Monet, que nos sublima,
alvorada cantata de Mozart e hino à alegria de Bethoven que nos sacode
É uma Ode à vida, um deslumbramento que nos convoca, ilumina e ensina
Que convivemos com o divinal, acordando nosso olhar em Castelo de Bode.
Rio de Janeiro
ÀS VEZES…
Carlos Morais dos Santos (*)
Em meus olhos secos há gotas de lágrimas interiores
Em minhas lembranças já mal vejo com nitidez o passado
Que, às vezes, só recordo na memória e visão dos outros
Que me falaram num futuro de melhores frutos e sabores
Que ousei sonhar que alcançaria mesmo lutando empenhado
Em meu olhar de memórias fragmentadas, enfraquecido
Faltam mil pedaços de vivências, momentos de vida
Que preencho com fantasias do que poderia ter vivido
Vivo em ilhas desertas, de onde, cativo, não vejo saída
Com estes meus olhares fui sentindo a vida que criei
Um ideal continente de imagens ousadas, inesperadas
Em minhas fotos procuro uma poética que fotografei
E em meus poemas as imagens às vezes não alcançadas
E sem vislumbrar o que realmente fiz bem e fui
Sem me conseguir olhar no espelho do que passou
Sinto, ás vezes, que o passado se desfaz e logo dilui
E que o futuro do que poderia ter sido já passou
Porque Venho de um tempo e espaço inexistente
De muitas memórias cedo demais sequestradas
Tive de reinventar-me, às vezes, tenaz e lentamente
E erguer-me do fundo de águas, às vezes, agitadas
Águas de algum meu naufrágio agora já esquecido
E de traiçoeiras, embora ás vezes mansas tempestades
Que abafaram todos os meus interiores gritos e gemidos
Nas ondas de confusas espumas de disfarçadas falsidades
Da vida, só me resta agora querer ainda sentir
O pulsar final do que for mais forte e verdadeiro
Para resgatar tardiamente o sonho do adiado devir
Do que nunca antes foi vivido no total e por inteiro
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(*) Poeta português, Cônsul Poeta do Mundo de Lisboa
Fotos do Rio de Janeiro e Portugal - por Carlos Morais
Querida amiga, comove-me muitoo afeto que me tem e a atenção que dá aos meus poemas, publicando-os e a eles se referindo tão generosamente. Beijo seu coração. Com todo o afeto. Carlos
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