sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

ELE É ADVOGADO, SENHOR DE ENGENHO E ESCRITOR NATO - EDUARDO HENRIQUE GOMES DE CARVALHO!

Acima, uma visão da casa-grande do Oiteiro, foto da tela pintada por Goreth Medeiros Calda e fotografada por Chiriboga.
Abaixo, o bueiro e ruínas do engenho da Sinhá-Moça.
Oiteiro - 1923 - foto do acervo de Gibson Machado. Tenho essa mesma foto, um pouco mais clara.
MINHA AVÓ MADALENA ANTUNES
Transcrevo, abaixo, o e-mail desse memorialista notável que é o advogado, escritor e senhor do engenho Pituaçu - Eduardo Henrique Gomes de Carvalho. Começamos a trocar "figurinhas" ao raiar dos primeiros lumes do novo ano. Por conseguinte, sua veia intelectual procede do fundo dos tempos, herança dos seus ancestrais, da qual é detentor, talvez superando os que vieram antes dele.

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"Cara Lúcia Helena:


Adorei a fotografia da casa-grande do Oiteiro. Saliento que a mesma apresenta um estilo arquitetônico bem diferente das demais do vale do Ceará-Mirim.

Cheguei a conhecer as ruínas do Oiteiro (prédio do engenho) em 1989, quando fotografei e filmei quase todos os engenhos do vale (Ainda encontrei a casa-grande do Verde-Nasce, embora quase em ruínas). E em relação ao Oiteiro, me informaram que a casa-grande era uma situada do outro lado do asfalto, mas que se realmente fosse a da foto, ja estava bastante descaracterizada já naquela época (seria a mesma?).

Portanto, tal fotografia é uma relíquia. Sugiro que você tente, com as técnicas modernas da internet, identificar as pessoas que se encontram na foto, pois poderá ter gratas surpresas.

No tocante ao texto da obra de Madalena sobre o jardim da casa-grande, acho-o perfeito. Principalmente pela simplicidade e pela capacidade de caracterizar os detalhes da vida do engenho de forma primorosa.

Basta que lhe diga que "as pedrinhas do sertão" que ornavam os canteiros do jardim da casa-grande são idênticas às que ainda estão intactas em todos os canteiros do Pituaçú, assim como também eram abundantes da latas vazias de querosene que, depois de servirem como galões para o transporte d´água, eram utilizadas como jarros para plantas diversas. Os jasmineiros, com seu perfume embriagador, também eram uma constante no jardim do nosso engenho e os "mimos do céu" (dois tipos: o branco e o rosa) ainda hoje adornam as cercas dos sítios das fruteiras no Pituaçú. Os pés de "brinco de princesa" eram os preferidos das crianças para "estalar" os botões antes de se tornarem flores e sem falar nos "sorrisos", nos "antúrios" e nas "orquídeas" que ainda se conservam nos troncos das fruteiras do jardim...(Ainda vamos marcar sua visita para rever tudo isso no Pituaçú).

Dessa forma, quando li, pela primeira vez, o livro escrito por sua avó, sublinhei todos os trechos que retratam situações similares dos engenhos daquele tempo e que, de certa forma, também fizeram parte da melhor fase de minha vida.

Concluo enfatizando a força das flores, que por mais simples que sejam, impregnam nosso inconsciente com a essência de seus perfumes e as maravilhas de suas cores. Saudade pura!

Eduardo Carvalho.

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"Garimpando no baú de fotografias antigas, encontrei a foto da Casa-Grande do engenho Oiteiro - datada de 1923. Imediatamente lembrei do texto de Madalena Antunes..." (Gibson Machado)


REMINISCÊNCIAS
Maria Madalena Antunes Pereira( *)

“No outono da vida, recordar é abrir pontos de luz na estrada abandonada do passado.

Maio! Ainda hoje o contemplo, no milagre da imaginação, no pólen de suas flores, na renovação de suas messes, sentindo em tudo a poeira das desilusões, polvilhando a trilha do passado.

O encanto dos jardins do Oiteiro resumia-se em sua profusão de flores. Os canteiros eram orlados de fundos de garrafas e pedrinhas do sertão. As roseiras transbordavam de latas de querosenes, e os jasmineiros cresciam pujantes, beirando os velhos muros, gretados, da Casa-Grande.

Pelos vidros partidos das varandas, penetravam os “mimos de céu”, que aljofravam o solo, como róseas borboletas de asas despedaçadas rolando pelo chão.

Os rosedás embalsamavam o ar, paralelos os bogaris de folhas largas, delicadamente enrolados, quais brancos caracóis. As angélicas afloravam de varetas verdes, que se inclinavam salpicadas de estrelinhas brancas, como o cajado de São José.”

(*) Maria Madalena Antunes Pereira em “Oiteiro memória de uma SINHÁ MOÇA” - Ed. Irmãos Pongetti - 1958.


http://gibsonmachadocm.blogspot.com/

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