terça-feira, 31 de janeiro de 2012

NASCE UMA ESCRITORA OU UMA GRANDE BIÓGRAFA - DÉBORA VIEIRA FONSECA.

DR. FERNANDO EZEQUIEL FONSECA - +24-09-2011.
DÉBORA VIEIRA FONSECA
"Lúcia Helena.

Esse texto é um trabalho da escola, escrito em 2010. A intenção era transformá - lo numa biografia, por isso tantas informações de currículo. Utilizei um trecho de "Sob Um Olhar Azul" de Diógenes da Cunha Lima, pois trabalhávamos este livro na escola, e o texto que escrevemos foi inspirado nesse livro.
Não sei se tenho o dom de escrever bem, como Dadá e você possuem. Mas espero que goste do que escrevi.

Delicie-se com alguma lembrança boa, e que as minhas palavras possam trazer um pouco do muito que foi vovô.

Débora"

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"FRUTOS DE UM SÁBIO
Débora Vieira Fonseca

Fernando Ezequiel Fonseca, para mim: vovô. Vovô Fernando. Nome que carrega consigo a essência da sabedoria, e muito admirado por mim desde meus tempos de criança.
Homem íntegro, cujo nome fora uma escolha paterna, e uma homenagem feita ao ilustríssimo médico carioca Fernando Magalhães, que foi professor de seu pai, o médico Ezequiel Epaminondas da Fonseca Filho, quando cursava medicina no Rio de Janeiro. De acordo com vovô, Fernando Magalhães foi um verdadeiro guru acadêmico para o seu pai.

Nasceu em 26 de abril de 1927, natural da “terra dos verdes carnaubais”, denominação poética a cidade do Açu, no Rio Grande do Norte. Viveu, em sua cidade natal, boa parte de sua infância, sobre a qual fala saudoso, relembrando as tantas carnaúbas, e os festejos da cidade. Das festas, as mais citadas são: o colorido dia de São João, cheio de bandeirinhas, balões e fogueiras, e o dia de Natal, a ida a igreja com a família, sempre bem penteado pela mãe, Maria Helena, para assistir a missa do galo.
Alfabetizou-se no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, da congregação das Filhas do Amor Divino em Açu. Já rapazola, foi estudar na capital, onde fez o curso ginasial no colégio Santo Antônio, da congregação dos irmãos Maristas. Mudou-se de Natal para o Recife, onde cursou o científico na capital Pernambucana, no colégio Pedro Augusto.
Em 1046, terminando o curso científico, presta vestibular para medicina e é aprovado. Matricula-se no mesmo ano na faculdade de medicina de Recife. Apaixonou-se pela medicina cada vez mais ao decorrer do curso, extrapolando todas as expectativas que criou quando criança, ao ver o pai exercer a profissão com tanta maestria.
Em 06 de dezembro de 1951, gradua-se. Logo após se especializa em ginecologia e obstetrícia. Em 1952 regressa a Natal e inicia suas atividades como médico. Como profissional da medicina, foi cirurgião geral do hospital Miguel Couto, atual hospital professor Onofre Lopes; obstetra da Maternidade Escola Januário Cicco, plantonista durante muito tempo no serviço de Pronto-Socorro de Natal. Estagiou no hospital das clínicas de São Paulo, no serviço de clínica cirúrgica do professor Edmundo Vasconcelos. Em 1953, submeteu-se a concurso de provas e títulos e foi nomeado cirurgião do IAPC (Instituto de Apoio aos Profissionais da Ciência).
Exatamente três anos após sua graduação, acontece em Natal o baile de formatura da turma de 1954 da Escola Doméstica, no Aéro Clube.
Lá Fernando conhece Graziela - carinhosamente apelidada pelos netos de Dadá - com quem namorou durante dois anos e casou-se, em março de 1957. Iniciaram a vida de casados muito bem. Nós, os netos, costumamos brincar dizendo que Vovô e Dadá tiveram “férias-de-mel”, pois nunca soubemos de algum outro casal que prolongasse tanto a lua-de-mel. Foram dois meses bem proveitosos, sendo recebidos por Salvador, depois de navio, passaram pelo Rio de Janeiro, Santos, Montevidéu, Buenos Aires, Mar Del Plata, e no regresso, desembarcaram em Recife.
Após a extensa lua-de-mel, ele retoma suas atividades.
Ao decorrer de sua vida profissional, montou sua própria clínica e trabalhou em todos os hospitais de Natal.
Foi também professor fundador da Faculdade de Medicina de Natal, onde exerceu a cátedra de Patologia Geral e posteriormente, clínica cirúrgica.
Foi membro do Conselho Universitário da UFRN, e o primeiro diretor do Hospital das Clínicas. Conheceu como médico visitante, a Universidade de Geogertown, em Washington, nos Estados Unidos, a convite da fundação Hope. Como professor visitante, conheceu as Universidades de Coimbra, em Portugal, e Sorbone, na França.
Foi sócio fundador e presidente da Sociedade Cultural Brasil-Estados Unidos de Natal, e no ano de 1958 foi admitido em Rotary Internacional - Distrito 4500. Presidiu seu clube rotário em dois mandatos.
Ocupa a cadeira de n° 34 na Academia de Medicina do Rio Grande do Norte, cujo patrono é o seu genitor - Ezequiel Epaminondas da Fonseca.

Posso dizer que vovô teve uma vida realizada e cheia de conquistas. Uma vida profissional maravilhosa e com um currículo invejável. Porém, além de todos esses títulos e méritos recebidos, e de todo o seu requinte e educação, o que me dá mais orgulho em tê-lo como avô, é saber que ele realizava sua profissão com amor.
Até hoje, quando me identifico como sua neta, as pessoas me contam de sua jornada, e falam em como ele ajudou a quem precisava. De acordo com Diógenes da Cunha Lima, “os homens são cordiais, ou não cordiais” - Sob Um Olhar Azul, p. 13 - e cordial é uma das tantas palavras que representam este homem.
Ele soube fazer de sua vida, uma vida especial, deixou sua marquinha no mundo, foi útil à toda a sociedade. Soube ser feliz da melhor forma: praticando o amor. Seja o amor ao próximo, amor à profissão, ou apenas o amor em ajudar. Hoje, ele tem 83 anos, está casado com Dadá há 53. É fã de jazz e da música instrumental, de uma boa coca-cola gelada com batatinha frita - deduzo que esse exótico paladar tenha sido influência americana, devido as tantas viagens e ao período da Segunda Guerra Mundial, o qual foi fortemente vivido em Natal - e de ler.
Valoriza tanto a arte da leitura, que em 2003, escreveu um livro: "Elogio ao Patrono". Homenageando seu patrono na cadeira de n°34 da Academia de Medicina. Tem quatro filhos e doze netos. É um homem tranquilo, e apaixonado por sua vida. Um exemplo de cidadão, de profissional, de homem, e de sabedoria, que se perpetuará para sempre na minha vida e em meu coração".

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Texto escrito em 2010, antes do encantamento do Dr. Fernando Fonseca.

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