terça-feira, 30 de outubro de 2012

PORQUE TANTOS BUSCAM A SOLIDÃO? AUTOR: JORNALISTA PÚBLIO JOSÉ

PÚBLIO JOSÉ

 Veio à luz o resultado de uma nova pesquisa do IBGE. E com um dado intrigante. O que ressalta o número de famílias constituídas por uma só pessoa, as famílias unipessoais no jargão do órgão. Pessoas que vivem completamente isoladas, justificando essa atitude com a afirmação de que preferem “uma vida mais tranqüila, sem muito barulho”. Outro detalhe importante no trabalho do IBGE é que no Rio Grande do Norte a média das famílias unipessoais na faixa etária dos 30 aos 39 anos está acima da média nacional. No Brasil é de 14,4%, no Nordeste de 14,3% e aqui de 17,5%. O mais interessante ainda é que na faixa etária imediatamente anterior – dos 20 aos 29 anos – a média potiguar (9,5%) está bem abaixo da média nacional (12.3%) e nordestina (12,5%). É realmente intrigante como pessoas de faixas etárias tão próximas, se distanciam tanto no caminhar do dia-a-dia. Umas constituem famílias, vivem em comunidade. Outras dão total primazia à solidão. Por quais motivos? Quais as razões que levam as pessoas a se isolarem numa fase da vida de potencialidade tão expressiva? Afinal, esse período dos 30 aos 39 nos distingue com grandes realizações e uma capacidade enorme para enfrentar e vencer desafios. Porque, então, essa renúncia voltada para o nada? De onde vem essa indiferença direcionada ao próximo? Tal comportamento só impede o solitário de extrair os benefícios de uma convivência mais rica da presença dos outros, mesmo que isso represente riscos. Olhando para as diversas formas de organização humana, vemos que tudo gira, se firma, se estrutura na pluralidade. No mínimo a partir de dois. Exemplo: na política, um presidente de república nunca está só. Ele tem um vice. Na Polícia, fora do âmbito dos pelotões, dos batalhões, existe a dupla de investigadores – os parceiros das ruas. Nos filmes policiais americanos, essa instituição fica bem patente. Lá tem sempre um Robert em dupla com um Michael. E se você ampliar o olhar pela rotina da vida verá sempre um ser humano ao lado de outro, por mais diferentes que sejam os ramos de atividade. A existência da família é um dado sintomático da necessidade que o ser humano tem de privilegiar a convivência em grupo. Então, porque a decisão de viver só? Porque trafegar na contra-mão da existência, rompendo a ordem natural da vida? E porque a incidência maior dessa escolha na faixa dos 30 aos 39 anos? Será medo? Medo originado de traumas anteriores no relacionamento familiar, profissional, conjugal? Medo de enfrentar as mesmas dores, as mesmas decepções, as mesmas angústias de tempos anteriores? Receio de dissabores, do fracasso? Em qual momento a vida se tornou um fardo tão pesado, que mereça a renúncia das alegrias futuras? Lembremo-nos que estas só vêm pelo enfrentamento de novos desafios. Será que viver assim é viver? Trago à memória agora o exemplo de Jesus Cristo. Segundo a Bíblia ninguém foi mais rejeitado e injustiçado do que ele. No entanto, foi um grande fazedor de amigos. Apesar de conhecer como ninguém as deficiências, as falsidades, as fraquezas dos homens, Jesus nunca se absteve de conviver em comunhão com os outros. Estava sempre arrodeado, alegre, prestativo, influenciando positivamente a vida das pessoas, sem esperar nada em troca. Ao contrário, sendo um verdadeiro manancial de aconselhamento e consulta na difícil arte de viver. Era agradável estar ao seu lado, para conhecer a receita do viver bem. Com Jesus, sempre se tem o que ganhar, o que se agregar de positivo, de frutífero à nossa rotina de vida. Jesus sempre valorizou a convivência. Já imaginou se ele marcasse o repartir o pão e o vinho da Santa Ceia com o selo da solidão? Tem algum perigo na escolha desse caminho de se viver só, isolado? Tem. E muito. O isolamento, na maioria das vezes, nos induz à prática do egoísmo, do individualismo exacerbado, das esquisitices, da rabugice, do mau humor – e é o caminho natural para se pisar o terreno da depressão. Quem vive só, com raras exceções, está propenso a cultivar a aridez de sentimentos e a se transformar em alguém que não se alegra mais com o sorriso de uma criança, nem sabe mais encontrar satisfação nas coisas simples da vida. São resmungonas, pouco se preocupam com os problemas alheios e o estabelecimento de uma rotina que gira em torno de si passa a ser a grande realização a ser perseguida. A vida passa pelos solitários, mas eles não adentram nos mistérios da existência, nem apalpam a riqueza do convívio com os outros. Ser solitário é empreender um caminhar contínuo em direção à tristeza e ao mundo do silêncio. Parece até boi indo para o matadouro. Não sabe para onde está indo. Só sabe que está indo. Só sabe que vai.

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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

CONTOS DA LITERATURA BRASILEIRA, DIA 06-11, NO TAM.

CONTOS DA LITERATURA BRSILEIRA

Um espetáculo focado nas provas do vestibular da UFRN deste ano, o espetáculo “Contos da Literatura Brasileira” estréia no dia 06 de novembro, no TAM, com duas sessões, às 15:00 e às 19:30h, contando com a participação do prof}. da Língua Portuguesa, Josivan Monte, que explanará sobre cada conto encenado. Ao todo são quatro contos: “Clínica de Repouso” de Dalton Trevisan, “Luz sob a porta” de Luiz Vilela, “Retiro da Figueira” de Moacyr Scliar e “Circuito Fechado I, II, IV e V” de Ricardo Ramos. Em comum, eles abordam temas existenciais inerentes ao ser humano da sociedade moderna e as possíveis mudanças que podem ocorrer em suas vidas ao longo do tempo, provocadas por diferentes fatores, como o abandono social, o estresse e a insegurança. As histórias são aparentemente fictícias, entretanto, exemplos semelhantes são encontrados no dia a dia de cada espectador, de forma própria em cada um, sendo o entendimento individual. “Luz sob a porta” se contrapõe com “Clínica de Repouso”, uma vez que este traz uma filha que põe a mãe num asilo de loucos, enquanto o primeiro retrata um filho que sai de uma festa de uma amiga para ir para o aniversário insólito da mãe. São diferentes soluções para um pergunta comum da sociedade atual: o que fazer com os nossos idosos? “Circuito Fechado I, II, IV e V” revela a vida corrida, desde o trabalho mecânico às consequências posteriores, sendo importante para questionarmos sobre quem somos e o que queremos ser. E, procurando fugir da loucura dos tempos modernos, “Retiro da Figueira” fala de um empresário que compra um apartamento num condomínio fechado buscando segurança, mas se surpreende. Por serem retirados da vida real, os personagens cativam o espectador, permitindo introspecção e consequente reflexão dos temas abordados. A adaptação dos textos, a sonoplastia, o cenário e o figurino foram criados coletivamente. Produzido por João do Valle e com direção de Ramona Lina - nascida em Macau e formada em Artes Cênicas e Ciências Biológicas pela UFRN, começou a fazer teatro em 1999 e desde então dirigiu “Nemo”, “Elas” e “Alienação” - “Contos da Literatura Brasileira” conta no elenco com os seguintes atores: Eliene Albuquerque, Melk Freitas, Ijailson Moreira, Nilton Mendes, Natália Rodrigues e Deise Melo.

 O espetáculo: CONTOS DA LITERATURA BRASILEIRA
 Data: 06-11-2012, DE 15h e 19h30
 Local: Teatro Alberto Maranhão
 Outras Informações: João do Valle (084) 9917-1737

sábado, 27 de outubro de 2012

TERTULINA, A COZINHEIRA DE VOVÓ MADALENA - UMA EXTRAORDINÁRIA. MULHER!

Lúcia Helena e vovó Madalena, no terraço da casada Hermes da Fonseca, 700, Tirol - foto 1957, numa das tantas e tantas vezes que eu chegava do colégio e corria para ver vovó (nossas casas eram vizinhas).


TERTULINA

Não se dizer quando Terta ( Tertulina ou Tertinha) chegou para trabalhar na casa dos meus avós paternos (os únicos que conheci). Eu saí de Ceará-Mirim antes de completar os sete anos e Terta já existia.
Ainda me lembro do sabor da comidinha feita por Terta. Fazia o trivial, porém, saboroso, bem preparado e estava sempre com um ar de muita paz. Na casa dos meus pais a comida também era deliciosa, mas, como diz o velho adágio: " A galinha do vizinho é bem melhor", isso é verdade.
Terta era loura e longilínea, sua voz era grave e terna, os gestos sempre de carinho para todos, até com a impertinência de vovô Olympio.
De Tertulina jamais esquecerei a carne picadinha torrada. Depois de pronta ela despejava pedaços de cenoura, batatinha e gerimum, já cozidos. O arroz-de-leite era insuperável e servido, sempre, com carne de sol assada e moída. O sarapatel exalando  um cheiro inesquecível, quando já bem cozido, na panela de barro ou alumínio, Terta colocava coentro e cebolinha verde por cima e tampava. O vapor cuidava de fazer a sua parte amolecendo os temperos. Antes de ir para a mesa, numa tirrina de louça ou vidro, ela colocava tomates inteiros e pré-cozidos. O visual era agradável.
Sempre fui um bom garfo. As empregadas de mamãe eram ótimas e se esmeravam nos doces, canjicas, pamonhas, feijoada, cozido, galinhada, galinha à cabidela,  peru cevado no quintal e depois, muito bem temperado e assado. Que deliciosas comidas!

Ainda do talento culinário de Tertinha, lembro-me do preparo de uma iguaria que jamais comi em nenhum outro lugar: ela dava uma refolgada nos pedaços de carne com ossos de tutano e colocava para cozinhar com todos os temperos, por fim, jogava os legumes. Eu gostava de ver aquele fogão à lenha com as panelas nas seis bocas fervendo.

 Na casa de vovó, a cozinha ficava já perto do quintal, as paredes tinham combogós e me lembro dos galhos das árvores abanando-se contra a inclemência do sol e fazendo piruetas como artistas plásticos fazem com pincéis. Eu ficava acompanhando aquele malabarismo enquanto o sol esbanjava seu poder. Vez ou outra, Terta saía de junto do fogão e dava uns passos pelo quintal, trazia tempero verde e tomates lindos, hortelã, tudo plantado por ela. Ao retornar ao fogão, mexia a carne com uma grande colher de pau, colhia um pouco do caldo e colocava na palma da mão para provar, em seguida, colocava pedaços de milho que cozinhariam juntamente com a forte iguaria. Tudo pronto, a mesa ficava com um lindo visual e a refeição perfeita, acompanhada de refresco de cajá, do quintal. Falando nisso, à época não havia liquidificador e Terta espremia os cajás sobre uma peneira, mexia, coava e colocava numa jarra - uma maravilha.
Do peixe (jamais suportei), camarão, carnes, galinhas e tudo o mais, ficou em mim o saboroso e farto cardápio da querida Tertulina, com o pano amarrado aos louros cabelos. Ela não era jovem, mas tinha um olhar doce e firme, mãos calejadas e a voz bem grave.
Quando vovó adoeceu e teve que amputar uma perna, ela chorava e dizia: "vou fazer muito caldo pra dona Madá...e ela vai andar de novo"...


AS VERDURAS DO COZIDO
O COZIDO DE CARNE COM MILHO
A GALINHA OU CAPÃO, SURPREENDIDO NO QUINTAL E PREPARADO COM OS COUROS, SEM JAMAIS FALTAR UMA FOLHINHA DE HORTELÃ GRAÚDO...
O cuscuz preparado por Terta , embebido no leite de coco - Deus, que coisa boa -. Por umas duas vezes comi cuscuz paulista no apartamento de Camilo Barreto e Anna. Saboroso e bem preparado!
 Naqueles momentos lembrava-me dos meus tempos de ontem com a mesa da casa dos meus pais. 
Uma noite, com o casal querido, já no apartamento da Rodrigues Alves, deliciei-me com a farta mesa numa ceia bem regional. Camilo Barreto a dizer, pilheriando, que tudo ali tinha sido preparado por ele! Um homem bom, agradável (como tantas vezes testemunhei)!
Momentos de emoção quando recordo e choro!
A carne picada, onde Terta colocava cenoura, batatinha e gerimum, servindo com farofa de cuscuz e "arroz pegado".
 
A sopa de legumes com bastante tomate.

Sempre que passo diante do local onde foram construídas a casa de vovó (*) e de papai, na Hermes da Fonseca, tenho a impressão de que aquele fogão está lá, fumegante, panelas fervendo e o almoço vai  servido com todas aquelas delícias.
Ou, quem dera, tomando uma sopinha de legumes, comendo cuscuz com leite de coco...
Fecho os olhos para ver melhor e pesco o sol para bordar a paisagem distante onde Terta e vovó se encontram, certamente,
onde as nuvens, pintadas de um azul inigualável, trazem, no mistério das coisas impressentidas, todo o fascínio de um tempo mágico, cheio de luz e sonho!

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(*) Maria Madalena Antunes Pereira

terça-feira, 23 de outubro de 2012

UM PLANO DIRETOR DE ÁGUAS, POR FAVOR! JORNALISTA PÚBLIO JOSÉ


PÚBLIO JOSÉ

  Passada a fase mais emocional da atual campanha eleitoral, é hora de se tratar dos problemas da cidade com mais racionalidade e precisão. Durante o primeiro turno, o grande número de candidatos a prefeito levou o eleitor a divisar com dificuldade o eixo principal das idéias dos postulantes, a essência de seus programas de governo.
 Como a seleção brasileira - da qual ninguém mais dá conta de sua formação, tantas são as escalações diferentes - as propostas dos candidatos a prefeito de Natal se perderam num emaranhado de exotismos, oportunismos e inexequibilidade, trazendo o eleitor tonto e sem condições de separar o joio do trigo. Claro que algumas propostas interessantes apareceram, porém sem condição de se firmar na mente do eleitorado em função da enxurrada de informações que lhe foram jogadas em curto espaço de tempo, e que o impediu de analisar as questões com mais profundidade. Agora, com apenas dois candidatos, tudo leva a crer que seus programas de governo sejam mais esmiuçados e observados com mais rigor. Enfim, que haja mais análise crítica e menos oba-oba. De todo modo, ao longo da campanha, vários temas importantes foram abordados, com destaque para saúde, educação, recuperação da malha viária, regularidade na coleta do lixo e recuperação da capacidade de investimentos da Prefeitura. Sabemos, todos, que tais assuntos são por demais importantes para a vida da cidade, porém não são os únicos. Como candidato a vereador, aproveitei a campanha para levantar algumas questões que julgo inadiáveis e imprescindíveis para a cidade e cujo encaminhamento se faz tão ou mais necessário do que os outros assuntos abordados. Refiro-me a questão da água de Natal. Um elemento importantíssimo que passou despercebido na primeira fase da campanha. Sobre água escrevi artigos, dei entrevistas e formulei proposta para criação do Plano Diretor de Águas de Natal - ninguém prestou atenção. Por ele, serão executadas ações destinadas a tornar a cidade um ponto de referência no que diz respeito à preservação, tratamento, distribuição e consumo do produto. O Plano Diretor de Águas de Natal seria um verdadeiro guarda-chuva que englobaria inúmeras ações, com destaque para as obras destinadas à manutenção, reparo, melhoria e expansão da rede coletora e distribuidora de águas (uma vez que a rede atual já conta com mais de 50 anos de uso, portanto, totalmente inapropriada e defasada para a planta atual da cidade), e que abrangeria, também, ações educacionais, ambientais, institucionais, jurídicas, legislativas, comerciais, promocionais, constituindo-se numa verdadeira bíblia a nortear autoridades e demais envolvidos com o assunto.                         Hoje se sabe que a água de Natal está na UTI. Segundo dados mais recentes, mais de 70% dos poços que abastecem a população estão com níveis de contaminação acima dos recomendados pela Organização Mundial de Saúde; hoje se sabe que a água que sai das torneiras natalenses é um composto terceiro-mundista de nitrato e coliformes fecais; hoje se sabe que as altas taxas de doenças gastrointestinais e da alta incidência de câncer do aparelho digestivo são originárias do consumo de água contaminada; hoje se sabe que a empresa concessionária dos serviços de captação, tratamento e distribuição de água de Natal não tem condições (nem no médio prazo) de trazer solução a estas questões. O tema, portanto, tem de ser encarado com urgência e determinação - responsabilidade, enfim, do próximo prefeito. 
Pelo Plano Diretor de Águas, além dessas providências, outras questões serão focalizadas. Vejamos. Saneamento básico; esgotamento sanitário; tratamento de afluentes; implantação de coleta seletiva de lixo em toda cidade; política municipal de gestão de resíduos sólidos; aparelhamento e fortalecimento da fiscalização municipal no âmbito da Guarda Municipal; preservação das áreas de dunas pela sua importância para a captação e a qualidade das águas subterrâneas - e um forte foco em ações educacionais, esclarecendo a população, em todos os níveis, a respeito da importância da água para a vida de todos. Por fim, o Plano Diretor de Águas também criaria diferentes categorias de consumidores, com tarifas diferenciadas, além de estabelecer uma política de incentivo de reutilização de água pelos grandes consumidores. 
Como se observa, tema tão importante passou ao léu no primeiro turno. Espera-se a devida atenção a ele no segundo. Ou, por acaso, estamos pregando no deserto?


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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A ESCRITORA CLEVANE PESSOA RECEBEU A COMENDA EXCELSA E MAGNÍFICA ESCRITORA 2012, DO CLUBE DE TROVADORES CAPIXABAS DE VITÓRIA/ES.


MEDALHA EXCELSA MAGNÍFICA ESCRITORA 2012
CLEVANE PESSOA 

Belo Horizonte, MG-17 de outubro de 2012 


 Caros familiares, confrades, confreiras, amigos, amigas



 O carteiro trouxe-me uma encomenda muito valorizada ao meu self :medalha e certificado do Clube de Trovadores Capixabas -Vitória-ES, por conjunto de obras.

Aos trovadores e trovadoras capixabas, meu sinceríssimo agradecimento. 
 Clevane Pessoa de Araújo Lopes.


Nota: Nas imagens que compartilho muito feliz: - O beija flor, arte da medalha (Comenda Excelsa Magnífica Escritora 2012), a mim concedido pelo Clube de Trovadores Capixabas -Vitória ES, é a logomarca  do mesmo - concedida pelo presidente Clério José Borges de Sant'Anna e pelo Secretario Geral do CTC Albércio Nunes Vieira Machado em julho de 2012.



Foto de Ciléia Botelho, em minha casa. Compartilho, muito feliz e honrada, penhoradamente, 



 Clevane Pessoa (*)

(*) Clevane é natural de São José de Mipibu, h´mais de 3 décadas residindo em Belo Horizonte/MG.  

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

JOGA NO RIO - ARTIGO DO JORNALISTA PÚBLIO JOSÉ.


PÚBLIO JOSÉ

 Há tempos atrás, uma revista semanal registrou, numa matéria sobre a tendência do ser humano de causar poluição por onde anda, a naturalidade com que, em épocas imemoriais, as populações ribeirinhas descartavam lixo e produtos inservíveis pelo rio. Parece até que havia um ensinamento universal apontando para a única solução possível àquelas alturas: “joga no rio!”. Este era o brado que se fazia ouvir pelo mundo afora. Não passava pela cabeça de nenhum agrupamento humano de então que a manipulação do lixo fosse de sua responsabilidade. Desde cedo, portanto, o ser humano acostumou-se a passar para frente, a empurrar na direção dos outros, a solução de problemas criados pela sua rotina diária. Pouco importava se, jogando dejetos no rio aqui, problemas seriam criados para outras populações acolá. O negócio era limpar a sua área mesmo que sujando a dos outros. A realidade é que o homem desenvolveu-se através dos tempos em todas as áreas que se possa imaginar. Só não aprendeu o que fazer com o lixo. Ao que parece, a manipulação do lixo caiu naquela área da mente humana na qual a saída é fugir da responsabilidade e passar o pepino para os outros. Nada de encarar a questão de frente, de buscar solução para os problemas criados em comunidade. Por conta disso, o que se vê hoje, com raras exceções, é a quase totalidade dos rios morrendo, desfilando seus últimos instantes de vitalidade diante de uma sociedade que soube chegar à Lua, soube se globalizar, alcançar níveis nunca imaginados de desenvolvimento tecnológico, mas não sabe, lamentavelmente, se organizar em comunidade de maneira a não prejudicar a seara alheia. Tanto é que permanece, até hoje, o hábito de se desfazer de lixo e dejetos através da inércia e da passividade dos rios. No tocante ao homem de hoje, esse hábito desgraçado de não assumir responsabilidades, de não enfrentar suas próprias demandas, não se restringe apenas a degradar rios e nascentes de água. Impera em todas as atividades onde o homem põe a mão. Na política, por exemplo, este homem aparece por inteiro, pelas mazelas causadas à população, pela má administração do dinheiro público, pelas obras superfaturadas, pela corrução, pela roubalheira generalizada. E ele nem, nem. O país afogado num lodaçal sem fim e os acusados se dizendo inocentes – e empurrando o problema para o mais próximo. Ninguém tem a hombridade de dizer “este problema foi eu que criei e vou arcar com as suas conseqüências”. Não. Não aparece ninguém com esse topete. Aparece gente de montão para enganar, para se esquivar, para encontrar saídas e esgrimir evasivas na hora de apurar as responsabilidades e apontar culpados. Do mesmo modo que o homem de antigamente aprendeu a fazer do rio o desaguadouro natural de seus lixos e dejetos, o de hoje tornou-se mestre em transformar pessoas frágeis em verdadeiros rios, para onde são lançados seus mais abjetos projetos de interesse pessoal e carreados os dejetos mais desprezíveis do que é produzido em suas mentes. Aos mais fracos, enfim, são destinados, por essa gente sem escrúpulo, os sonhos mais egoístas e os feitos mais degradantes. Pois ao meter a mão no dinheiro público, prejudicando populações indefesas, se eximindo, além do mais, de encarar com seriedade o seu trabalho, o que estão fazendo os agentes públicos que agem assim, senão transformando em verdadeiros rios a massa humana que não pode se defender, que não pode protestar? “Joga no rio!”, parecem dizer, eternizando a irresponsável máxima de outrora. “Joga no riiiiiiiiiooooooooo!!!!” Trágico, né não?

  (publiojose@gmail.com)

" CENTELHAS DE UMA CIDADE TURÍSTICA NOS CARTÕES POSTAIS DE JAECI GALVÃO (1940 -1980), POR SYLVANA KELLY MARQUES."


JAECY GALVÃO
SYLVANA KELLY MARQUES

UFRN - C O N V I T E

 PARA A PALESTRA COM A PROFª. DRª. SUSANA GASTAL, DA UNIVERSIDADE CAXIAS DO SUL, SOBRE: "O OLHAR ROMÂNTICO", EM DESDOBRAMENTO AO TEMA DA PESQUISA DE MESTRADO DE SYLVANA KELLY MARQUES -" CENTELHAS DE UMA CIDADE TURÍSTICA NOS CARTÕES-POSTAIS DE JAECI GALVÃO (1940 -1980)." 


O Programa de Pós-Graduação da UFRN convida todos para participarem da palestra com a Profa. Dra. Susana Gastal, da Universidade de Caxias do Sul (UCS), conforme cronograma abaixo: Tema: "A construção do olhar romântico", em desdobramento ao tema da dissertação de Sylvana Kelly Marques - "CENTELHAS DE UMA CIDADE TURÍSTICAS NOS CARTÕES-POSTAIS DE JAECI GALVÃO (1940-1980)" - que será apresentada posteriormente, no turno vespertino. 

Data: 18/10/2012 - 9h às 12h Local: Sala de multimeios do NEPSA/CCSA

 Mini-currículo da Dra. susana gastal: Graduação em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1974), mestrado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1995) e doutorado em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2002). Atualmente é Professora Doutora, Pesquisadora e Orientadora do Mestrado em Turismo da Universidade de Caxias do Sul. Tem experiência nas áreas de Comunicação, Cultura e Turismo, com ênfase em Jornalismo Especializado Cultura, atuando principalmente nos seguintes temas: comunicação, pesquisa em turismo, pós-modernidade, imaginário, turismo cultural e história do turismo e das viagens. Coordenou o Núcleo de Pesquisa de Comunicação, Turismo e Hospitalidade da Intercom, entre 2005-2008; coordena o GT Produção Simbólica do Semintur. Foi diretora científica da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo (ANPTUR) no biênio 2009-2011. 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

"O ARTISTA HOJE: ENTRE O "PROPONENTE" E O PEDINTE" - ALMANDRADE.

ANTONIO LUIZ ANDRADE - ALMANDRADE

O artista hoje: entre o “proponente”' e o pedinte.
 Por / Almandrade

 O artista que passa o tempo recluso na solidão do ateliê, trabalhando, desenvolvendo sua experiência estética, como um operário da linguagem e do pensamento, está em extinção. É coisa de museu. Ou melhor, é raridade nos museus de arte, que estão deixando de ser instituições de referência da memória para servir de cenários para legitimação do espetáculo. Às vezes, com míseros recursos que ficamos até sem saber direito: quando nos deparamos com baldes e bacias nessas instituições, se são para amparar a goteira do telhado ou se se trata de uma instalação, contemplada por um edital para aquisição de obras contemporâneas... O que interessa na politica cultural nem sempre é a arte e a cultura, e, sim, o glamour. Em nome da arte contemporânea, faz-se qualquer coisa que dê "visibilidade". As políticas públicas foram relegadas às leis de incentivo à cultura e aos editais públicos. Nunca se fez tantos editais neste País, como atualmente, para, no fim das contas, fazer da arte um "suplemento cultural", o bolo da noiva na festa de casamento. Na fala do filósofo alemão Theodor Adorno: "As obras de arte que se apresentam sem resíduo à reflexão e ao pensamento não são obras de arte". Do ponto de vista da reflexão, do pensamento e do conhecimento, a cultura não é prioridade. Na política dos museus, o objeto já não é mais o museu que se multiplicou, juntamente com os chamados "centros culturais", nos últimos anos. Com vaidade de supermercado, na maioria das vezes, eles disponibilizam produtos perecíveis, novidades com prazo de validade, para estimular o consumo, vetor de aquecimento da economia. A qualificação ficou no papel, na publicidade do concurso. Esses editais que bancam a cultura são iniciativas que vêm ganhando força. Mostram ser um processo de seleção com regras claras para administrar o repasse de recursos, muito bem vendidos na mídia, como métodos de democratizar o "acesso" e a "distribuição de verbas" para as práticas culturais. Mas nem são tão democráticos assim. Podem ser um instrumento possível e eficiente em certos casos, mas não são a solução, é possível funcionarem, também, como escudo, para dissimular responsabilidades pela produção, preservação e segurança do patrimônio cultural. Considerando-se, ainda, a contratação de "consultorias", funcionários, despesas de divulgação, inscrição... o trabalho árduo e apressado de seleção... é tudo, enfim, um custo considerável, que, em último caso, gera "serviços" e renda. O artista contemporâneo deixa de ser artista para ser proponente, empresário cultural, "captador" de recursos, um especialista na área de elaboração de projetos, com conhecimentos indispensáveis de "processo público" e interpretação de leis. Dedica grande parte de seu tempo a esse negócio burocrático, que é a elaboração e execução de projetos, prestações de contas etc., todos contaminado pela lógica do marketing... coisas incompatíveis com o artista em si, que apostou na arte como uma "opção de vida" e com forma de conhecimento, algo que exige dedicação exclusiva... Ou, pior ainda: o artista fica à mercê de uma "produtora cultural", para quem essa política de editais e fomento à cultura é, aliás, um excelente negócio... Mais uma coisa é preocupante: e se essa política de editais se estender até a sucateada área da saúde, por exemplo? Imaginem uma "seleção pública" para pacientes do Sistema Único de Saúde, que necessitem de procedimentos médicos... Os que não forem "democraticamente contemplados", teriam de apelar para a providência divina, já engarrafada com a demanda de tantos pedidos... Nem é bom imaginar. Que esta praga fique restrita aos limites da esfera cultural... Na pior das hipóteses, é uma "torneira" que sempre se abre para atender parte de uma superpopulação de artistas, proponentes, pedintes... O artista, cada vez mais, é um técnico passivo com direito a diploma de "bem comportado" em "preenchimento de formulário". E seu produto ficou relegado ao controle dos burocratas do Estado, e à "boa vontade" dos executivos de marketing das grandes empresas... Se o projeto é bem apresentado, com boa "justificativa" de gastos e retornos, o produto a ser patrocinado ou financiado... se é mediano, se é excepcional, não importa! O que importa é a "formatação", a "objetividade" do orçamento, a clareza das "etapas" e a "visibilidade", o "produto final"... Como sempre, existem as chamadas exceções, mas...

 Almandrade (artista plástico, poeta e arquiteto) http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp

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NOTA: Texto encaminhado pela confreira maranhense - Dilercy Adler