quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

CARTAS DE COTOVELO 06 (versão 2015) - POR CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES.


CARTAS DE COTOVELO 06 (versão 2015) 
Carlos Roberto de Miranda Gomes 

 Embora um tanto magoado da vida e com menor capacidade para escrever as minhas Cartas, com algum esforço estou voltando ao estado de normalidade neste veraneio que já se aproxima do final. Consegui fazer algumas leituras praianas, nas quais incluí amenidades como: ”Cais natalenses”, do poeta Lívio Oliveira; “Um Equívoco de Gênero e outros Contos”, de Nelson Patriota e “Rosinha dos Limões”, de Augusto (Guga) Coelho Leal. Contudo, não descurei de obras sobre histórias do nordeste e, particularmente, da terra potiguar, a saber: 1. “A Sedição do Juazeiros”, de Rodolfo Teófilo, narrando a violência da política cearense no início do século XX, com o envolvimento de pessoas notabilizadas na região, como o Padre Cícero, Capitão José da Penha, Franco Rabelo e Floro Bartolomeu; 2. “O Exército em face das Luctas Políticas”, do Major Josué Freire, editado em 1938, no qual narra a saga autoritária do Interventor Mário Câmara nos episódios do processo eleitoral de 1934, e a participação do 21º BC, antecedente à Insurreição Comunista de 1935. Este último cuida dos episódios acontecidos desde a chegada ao Estado do Major Josué, no início de ano eleitoral, onde já se deparou com a truculência policial iniciada com o empastelamento do jornal “A Razão”, do líder sindical Café Filho e, no mais, dificultar o processo de alistamento e o comparecimento às urnas para o pleito de 14 de outubro de 1934, dos eleitores do Partido Popular (de oposição). O acirramento político teve uma vítima fatal, o assassinato do Engenheiro Octávio Lamartine de Faria em 1936, no Município de Acari, por uma volante policial comandada por um Tenente. Ele era filho do ex-Governador Juvenal Lamartine. O inusitado do caso foi o conflito entre o Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, Desembargador Antonio Soares de Araújo e os demais membros do referido Tribunal (Manoel Sinval Moreira Dias, José Theotonio Freire, Horácio Barreto de P. Cavalcanti, Sebastião Fernandes da Silva, Mathias Carlos de Araújo Maciel Filho e do Procurador Miguel Seabra Fagundes), quando, por conta da concessão de vários habeas corpus em favor de eleitores prejudicados e pedidos de garantia de vida por renomados próceres potiguares (Médico José Tavares, Deputado Federal Alberto Roselli, Dr. Bruno Pereira e o empresário João Severiano da Câmara, dentre outros), o Presidente por ofício datado do dia 2 de fevereiro de 1935 requisitou tropas federais para a garantia das eleições suplementares no mesmo mês nos municípios de São Gonçalo, Goianinha, Lajes, Caicó, Currais Novos, Pau dos Ferros, Ceará-Mirim, Baixa Verde, :Arêz, São Miguel, Touros, Jardim do Seridó, Martins, Flores, Assú, Acari, Mossoró e Luís Gomes, enquanto o Plenário do TRE aprovava decisão em contrário, sob a alegação da incompetência do Presidente para tal medida, somente possível pelo Tribunal. De qualquer forma, o fato conseguiu evitar nova truculência, haja vista que houve algum deslocamento de tropas, que permaneceram em estado de alerta e o pleito foi realizado sem maiores percalços, do que provocou a alteração do resultado das eleições de outubro de 1934, então favorável ao partido do Interventor (Aliança Social=PSD e PSN), para a vitória dos candidatos do Partido Popular após a apuração da eleição suplementar proclamada um ano depois, que conseguiu eleger o Governador da oposição Rafael Fernandes Gurjão. O clima, no entanto, continuou agitado, com movimentos da classe trabalhadora, que realizou greves até que em novembro ocorreu a “Intentona Comunista”, de curtíssima duração. Estranhamente, em 1962 quase se repete o fato, com a controvérsia: o Tribunal solicitava reiteradamente a garantia de força federal, mas o TSE demorava a decidir baseado em informações do General Muricy, que por sua vez tinha a promessa do Governador Aluizio Alves de garantir o pleito, enquanto este mesmo Governador fazia proselitismo político acusando o TRE de não querer a força federal provocando a decisão do Colegiado de suspensão do pleito, quando então o TSE, tomando ciência da verdadeira história, apoiou o Tribunal Regional e as tropas se deslocaram em tempo, evitando qualquer tentativa de fraude nas eleições, que ocorreram sem qualquer problema.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

domingo, 4 de janeiro de 2015

"EU LEMBRO, VOCÊ LEMBRA, NÓS LEMBRAMOS";;; - LIVRO DA AUTORIA DE GRACINHA BARBALHO, QUE TIVE O PRAZER DE LER E AQUI COMENTO.


"EU LEMBRO, VOCÊ LEMBRA, NÓS LEMBRAMOS"...
GRACINHA BARBALHO

Gracinha Barbalho, como é mais conhecida, presenteou-me ontem (03-01), em Muriú, com um exemplar do seu livro: “Eu lembro, você lembra, nós lembramos...”, autografado em 2012.

Minha conterrânea e confreira na ACLA (Academia Cearamirinense de Letras e Artes "Pedro Simões Neto"), que vou descobrindo, como tantas outras, num patamar de grande inteligência e cultura geral, afinal, não tive tempo de conhecer boa parte do povo da minha terra, vez que, saí do Vale Verde aos seis anos e oito meses, perdendo pela estrada os meus brinquedos, a gente, algumas paisagens.

Disse um sábio que tudo volta e é verdade. Verdade linda e pura quando, vamos reencontrando as figuras do passado.

Nesse livro, Gracinha traz com emoção e grandeza, a começar pelo prefácio magistral da conterrânea Gracinha Brandão Soares, sua alma em pedaços, fragmentos do seu existir como filha do Ceará-Mirim. É quando reúne, ao mesmo tempo, poesia, provérbios e crônicas, num soluço de saudade, boas recordações, vivências e fatos que marcaram sua vida.
Na memória fotográfica do livro, figuras e ocasiões marcantes do seu tempo feliz, naquela paisagem proustiana e dileta, quando o tempo tinha a magia das horas que não passam, para fixar-se definitivamente, como um quadro na parede, que se movimenta e seduz, à medida em que o vento e o sol interferem em sua imobilidade serena.

Muitas mãos vasculhando as emoções da autora que diz em versos, os grandes sentimentos de cada hora. E não se trata apenas de um livro, mas de um elenco inesgotável, num fila iluminada para receber troféus. Troféus que a vida ensinou a conquistar.

O Vale Verde é surpreendente porque tem o sopro da poesia amorosa mergulhada nos massapés, como a própria capa do livro que retrata um canavial e os cortadores de cana e que, coincidentemente, é da autoria de Gilson Nascimento, que fez a capa do meu primeiro livro.

Poesia há no estilo, saudosismo, beleza e a liturgia amorosa de acontecimentos que só nos engrandecem e enriquecem.

Páro por aqui, vou enfeitar minhas saudades com as cores dos canaviais e do céu de Ceará-Mirim. Sinto-me em  estado de graça, confreira, esse passeio pela alma dos tempos é um verdadeiro deleite. Agradeço.

Lúcia Helena Pereira