segunda-feira, 18 de abril de 2011

MOMENTO DE POESIA COM O PRÍNCIPE DA POESIA NORTE-RIOGRANDENSE: DIÓGENES DA CUNHA LIMA.

DIÓGENES DA CUNHA LIMA
O PRÍNCIPE DA POESIA NORTE-RIOGRANDENSE

C E L E B R A Ç Ã O

Diógenes da Cunha Lima


Neste novo dia
Vamos celebrar a terra,
Nosso lar, somos humanos.
Vamos celebrar o ar
Que respiramos, a brisa dos elíseos.
Vamos celebrar o fogo,
A chama que nos aquece e ilumina.
Vamos celebrar a água
De que somos feitos, o ritmo da água, o rio, o mar.
Vamos celebrar a poesia,
O poeta é irmão do simples, da magia.
Vamos celebrar a vitória,
Sem ela o mundo seria sem glória.
Vamos celebrar a derrota
Porque a ela sempre abrimos a porta.
Vamos celebrar a amizade
Que nos confere intimidade.
Vamos celebrar o mistério que nos cerca.
Vamos celebrar o amor, esse mistério,
E o mistério maior
Que é a vida.

****************************************************************
**********************************************

A RIBEIRA

Diógenes da Cunha Lima


À Ribeira, palafita,
Feita de carne e de água,
Barcos antigos aportam,
O vento inventou as velas
Zunindo, o Canto
Do Mangue.

O Porto carrega destinos
De água
O rio e o mar, riomar,
Os navios de metal
Atracam, orgulho de bandeiras,
Porque a barra é barra e ponte
De água.

Não me convencem
Os edifícios fixos
Com facies de eternos
Porque na Ribeira
Só o que passa
Permanece.

As mulheres da Ribeira
Moram nas casas antigas
(Porque é antigo o pecado)
Buscam os homens riomar
Feitos de água.
Alguns
Descobrem o noturno
Pela rua de São João
Pela travessa da Lua
Em busca de Wanderbar
(Que tem sacada pro rio)
Todos somos carecidos
De assistência emocional.

A sinopse integra
O bairro aquoso
Da cidade triste
A Ribeira palafita

*****************************************************************
*************************************************

O ARQUIPÉLAGO

Diógenes da Cunha Lima


Todo coração é ilha
Mas aqui é preciso
A palavra em festa,
Luzeiros a alumiar Noronha.
Misturai com parcimônia
Gameleira, mulungu, burra-leiteira,
Moluscos coloniais, algas calcáreas,
Lodos verde morumbi
Amaciando as pedras,
Sem esquecer múltiplos corais
Elevados ao topo da atlântica
montanha.
Cercai-os de verde mar
E de azul turqueza.
E fareis soprar
Um brando vento Leste e Sueste
E ponde cada coisa em seu lugar.
Porque a ilha entende
A linguagem das águas
Nadem donzela-de-rocas e
sargentinhos
Ao lado de outras cores e formas
Para a função,
Arraias e lambaru cações.
Rastejem mabuyas, aruanãs
Tartarugas na Praia do Leão.
Fazei a negra viuvinha
Carregar flutuantes algas
Para no alto fazer ninho.
Plantai delícias,
Ilhas e ilhotas,
Formosas à vista
No Mar-de-Dentro
No Mar-de-Fora.
É de vosso usufruto
O silêncio do mangue
E os horizontes azuis.
Deixai um pouco
Da mata atlântica insular
Para o milagre da nidificação.
Brancas noivinhas
Ensaiarão
Novos vôos e novos pousos
Com a graça do seu nome.
No arquipélago
A magia do ar
Faz nula a distância
Entre a vigília e o sonho.
Estejais atento
Para que não vice a jitirana
Erva daninha
A sufocar árvores e arbustos.
Escolhei hábeis pescadores mumbebos
E aproveitadoras catraias
À cinética do porto
Sem ânsias de partida.
E para circundar a paisagem
Já de excessiva beleza
Ponde golfinhos rotadores
De lombo escuro e de
barriga branca
A mostrar que a vida vale a pena
Viver para ver.
Mas para que não se pense
Que aqui é paraíso
Desçam coleantes cactus
Das escuras pedras
Como tranças de mulher.
Permiti mesmo
Que se espalhe
A jitirana trepadeira
Por toda a ilha,
Enchei a ilha de gente,
Consentindo-lhe um tempo lento,
Esquecido do esforço dos relógios.
E concluída a vossa obra
Vede com luz de sol que nasce
E se põe no mar
Que é humana
A verdadeira jitirana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário